terça-feira, 2 de agosto de 2016

Miranda II

Como minhas fotos sumiram resolvi repostar as que tinha no primeiro post e criar um novo tópico com as de um novo projeto. Essa é uma reclinada simples, aro 26. Usei peças antigas e novas. Aros de alumínio e caixa de direção de uma mountain com mais de 20 anos. Pedais de alumínio. Adaptei uma mesa de gidão para fixar o pedivela. Manufaturei a gancheira com uma peça de alumínio achada em ferro-velho e que tinha sido usada antes na direção da trike. Um cubo com marchas internas Shimano Nexus 8 com freio na traseira é o maior gasto aqui. O quadro é de madeira e ficou extremamente confortável. Eu peso 86 kg e esmerilhei bem a bike em meus testes. O peso da bike? Não pesei.

Problemas:

1- Quando calculei a distância dos pedais em relação à roda dianteira cometi um erro e em manobras extremamente fechadas o pedal fica muito próximo ao pneu. Depois de 10 minutos em cima dela eu peguei a manha e ele agora não me atrapalha em nada.

2- Não tem regulagem. No máximo o guidão vai um pouco mais pra frente ou para trás. Não sei se é uma desvantagem pois limita o furto e no caso de eu desenvolver uma versão comercial o objetivo e vantagem é justamente fazer quadros sob medida.

3- Não fixei devidamente o encosto e terei que fazer um furo na lateral do quadro para colocar um parafuso de reforço pois após uns 1.000km ele começou a ranger um pouco.

4 - Por ser uma reclinada e eu ter optado por deixar o banco bem alto, não recomendo colocar cadeirinha na traseira sob o risco de não manter o equilíbrio com peso extra na hora das paradas, pois as pernas tocam o chão em um ponto mais à frente que o assento.

5 - Usei uma borracha um pouco dura no encosto e no assento. É muito confortável mas se tivesse uma camada de espuma seria perfeito. Jà pedalei mais de 50 km direto sem sentir nenhum desconforto, mas a sensação é de que um assento um pouco mais macio relaxe ainda mais.

6- O quadro apresenta uma leve torção quando muito forçado manualmente. Não incomoda nem dificulta a rolagem, mas é uma coisa que pretendo resolver.


Caracerísticas:

1- Muito, muito confortável. A posição de pedalar é ótima. Não força o pescoço, lombar, pulsos e cotovelos.

2- A altura do guião é ótima. Coloquei um suporte de celular e uso gps/velocímetro, atendo chamadas etc sem tirar os olhos da via.

3- Subidas não são problema. O cubo de marchas internas é ideal para essa bike pois permite mudanças diretas e precisas, mesmo sem estar em movimento e sem ter que passar as marchas sequencialmente.

4- Não enferruja. O quadro é de madeira e praticamente todos os seus componentes são de alumínio. A suspensão dianteira é uma peça mais barata e não totalmente isento à corrosão.

5- Aerodinâmica. A posição me permite "cortar"o vento com uma silhueta muito mais reduzida.

6- A roda aro 26 aliada à suspensão dianteira e ao quadro elimina praticamente as imperfeições do terreno. É muito mais macio que uma bike de metal. Além disso, ao optar por manter o mesmo diâmetro de ambas as rodas, ao invés de usar aro 20 na dianteira, consigo até subir os meio fios mais baixos sem problemas. Coisa incomum em reclinadas. Deixa o visual mais bonito também na minha opinião.

7- Praticamente anti furto. Eu tenho quase 1,90 de altura. A bike é feita para alguém do meu tamanho. Não é ágil e muitas pessoas têm dificuldade em entender como eu consigo ficar em cima dela sem cair. Isso desencoraja furtos. Por outro lado, emprestei a bike para uma pessoa que pouco anda de bicicleta e ela adorou. Em poucos minutos já estava totalmente apta para usá-la e passou um bom tempo curtindo o conforto.

8- Madeira é um material ideal para testes rápidos. No caso criei um sidecar para transporte de criança, animal ou carga até uns 40kg, Ele pode ser acoplado rapidamente quando necessário. Se o quadro da bike fosse de metal seria muito mais complicado.

9- Apesar de usar aro 26 eu fiz os entre-eixos usando medidas de uma aro 300 da Tito Bikes. Não tem a agilidade de uma BMX mas deu um rodar suave e agradável. Perfeita para pistas ou ciclovias. No trânsito a altura e visibilidade é muito boa mas reclinada não é ágil como bikes comuns. Dá para até para usar para ir trabalhar mas o espírito dela é puro lazer.


Atualmente estou desenvolvendo um novo modelo, também com o quadro em madeira, mas mais leve e rígido. Problemas como a distância correta dos pedais e alguns ajustes na fixação do banco estão na lista de melhorias.






sábado, 19 de março de 2011

Estofando e pintando
















Depois da parte mecânica e estrutural pronta me concentrei no estofamento e na preparação para a pintura. Não fui nem um pouco profissional e fiz tudo do jeito que deu nos poucos dias que tive. Apliquei a espuma de expansão, fiz os acabamentos em madeira das partes abertas que ficavam mais expostas, passei massa com cola e lixei tudo. Depois fiz um estofado base, bem fixado ao suporte do banco com cola de contato e grampos. Depois passei primer em tudo. pintei de preto fosco e fiz umas aplicações com folhas de madeira, daquelas usadas para dar acabamento em móveis. Passei verniz marítimo, lixei um pouco e cobri com verniz fosco. Cada uma dessas etapas contou com duas ou mais demãos. Não ficou perfeito mas proteje a madeira eficazmente.

Por fim coloquei duas bolas daquelas maciças de petshop em cada haste de direção. Fiz, com ajuda da minha mãe e sua máquina de costura, um segundo estofamento por cima no qual usei corino (uma napa com nome besta). O banco ficou muito confortável e apóia bem minha coluna (lembre-se de que eu começei tudo com peças de um espaldar no qual fazia fisioterapia prara a... coluna). Não me "segura" tão bem nas curvas mas a sensação é de estar em uma boa poltrona. Além de tudo mantém a impermeabilidade da bike e é bem resistente. A vantagem é que pelo fato de não me limitar o movimento das costas eu posso me inclinar para os lados sem dificuldade no caso de uma curva muito acentuada em alta velocidade, o que sempre ajuda a manter o equilíbrio da bike.
O resultado foi uma trike que eu realmente adoro. A posição de pedalar, apesar de não ter ajuste, ficou perfeita para minha altura (tenho 1,87) e a direção ficou macia. Realmente não é leve como um bike tradicional mas, com os pneus calibrados, não é nada que incomode no dia a dia. A suspensão dianteira absorve bem os impactos e a posição de pedalar é ótima, o que dá até uma sensação de estar fazendo menos esforço que numa bike tradicional. Além disso ela ficou muito resistente. Eu peso 86kg e já pulei de calçadas consideravelmente altas para uma reclinada sem o menor problema. Além disso o trajeto que costumo fazer com ela tem trechos bem acidentados e eu passo sem problemas.
O desenho do quadro compensou as deficiências da madeira e manteve um bom vão entre as rodas, evitando que eu ficasse muito próximo ao chão. Além disso se usar um ângulo de ataque decente e não for nehum degrau eu consigo subir em calçadas com ela. Com certeza um câmbio com marchas seria o ideal mas incrivelmente sinto mais falta dele nas velocidades mais altas. Para as ladeiras que pretendo subir com ela o câmbio não me faz falta alguma. A possibilidade de rodar em baixa velocidade sem ter que fazer nenhum esforço para manter o equilíbrio parece compensar.
Quero arranjar um cubo shimano com 7 ou 8 marchas internas mantendo assim a simplicidade mecânica. Acho apenas que vou ter que abandonar o contra-pedal caso não exista nesse tipo de cubo. No nexus da shimano eu sei que tem mas não compensa a grana por um câmbio de apenas 3 marchas.
O freio apenas na roda traseira realmente não permite freadas bruscas em alta velocidade, principalmente em pista molhada, mas quer saber de uma, descobri um inesperado prazer dando meus cavalos de pau com essa trike. Algo que em duas rodas não tem a mesma graça. Como colocar freios nas rodas dianteiras está fora de questão o negócio é andar em velocidade de cruzeiro e deixar a pressa pras magrelas. Até porque essa é a vocação dessa trike. Conforto.
Tenho pedalado muito, levando meu cachorro para passear no cockpit que encaixo no lado. Usei um pedaço de eucatex achado no lixo, sobras de compensado da trike e um cabo de vassoura para montar o cockpit (certinha é coisa de boiola!). Fiz o suporte usando encaixes de mangueira daqueles tipo engate rápido cortados e adaptados e uma cinta de couro que serve como segurança adicional no caso de alguma coisa quebrar. Para prender é só pressionar os encaixes e para soltar é só puxar as travas. Muito prático (muito mais que muita cadeirinha de bebê andar em carro). Estofei com sobras de espuma e um tecido de um sofá velho. Pintei todo de preto. Já andei com uns 10 kg nele sem problemas. A bike pesa um pouquinho pra sair mas depois a inércia faz sua parte e os rolamentos ajudam bastante a manter um rodar RollsRoyce sem esforço. Num próximo post detalho melhor o cockpit. Nas fotos ele ainda estava sendo desenvolvido.
No geral a trike tem se comportado muito bem. Devo fazer mais alguns ajustes mas no geral ficou melhor do que eu esperava.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Resolvendo os problemas.








Levei um tempo para arranjar uma solução para o eixo dianteiro. Por fim foi mais uma vez uma peça de ferro-velho que resolveu a parada. Eu tinha recolhido logo no início um pé de móvel em alumínio maciço, que ao que tudo indica era aparafusado com uma inclinação de uns 30 graus em um um armário bem pesado. Pois é, o bicho era um tarugo de uns 25cm de comprimento por uns 7 de diâmeto acho eu. O problema é que na região onde moro ninguém conseguia cortar aquela espessura toda. Como só contava com fim de semana não tinha tempo de achar alguém que tivesse o equipamento adequado. A serra circular do cara do ferro velho era para aço e o cara despedaçou parte dela tentando cortá-lo para mim. O alumínio esquentava muito, agarrava a serra e travava o motor. Tinha que ser um equipamento específico, com uma serra apropriada. Até que eu achei um cara que, segundo ele, cortava na serra de mão. Não preciso dizer que minha pão duriçe falou mais alto. Se aquele sujeito ia cortar "no braço" então eu mesmo cortava. Munido de uma serra de arco precária e umas lâminas para serrar metal passei umas duas horas initerrupitas naquele serra-molha-serra-molha... E consegui! Dois pedaços quase idênticos (melhor que nada). Fiz os furos para prender os parafusos de fixação, e para o buraco onde prenderia o agora robusto eixo de carga usei uma broca daquelas tipo lâmina achatada, muito usadas para abrir buracos em aglomerados para fixação de dobradiças italianas.
Prendi os parafusos com araldite e fiz um furinho que perspassava o alumínio e o parafuso, onde coloquei um contrapino, impedindo que eles girem ou se soltem da peça de alumínio. Fiquei bastante satisfeito com o resultado. Depois acrescentei as hastes da direção em cada um dos eixos. As fiz com os pedaços que sobraram da muleta e duas barras de alumínio ocas, vergadas, muito resistentes, que consegui com um serralheiro que faz grades para janelas. Coloquei em cada uma delas uma placa feita com o mesmo alumínio que fixa a roda traseira, aparafusadas na haste com e presas diretamente no parafuso da roda. O conjunto ficou flexível mas muito resistente. O mesmo serralheiro também me arranjou uma barra reta, que seria a que liga a roda da esquerda à da direita, criando o jogo e o alinhamento. Para poder á-lo serrei essa barra e fixei uma porca em um pedaço e um parafuso no outro, envolvendo tudo com um conduíte. O funcionamento ficou semelhante àquelas barras ajustáveis que se usa para fixar cortinas de plástico em box de banheiro. Nas pontas usei o suporte metálico daquelas rodinhas de plástico que se coloca em caixotes e afins. Pus um parafuso no lugar onde ficava a roda e com ele uni as duas pontas da barra de direção às hastes da roda direita e da esquerda.

Acrescentei à placa que formava a parte de baixo da suspensão dianteira mais algumas camadas de compensado e fiz mais duas peças mais finas, que seriam os braços superiores da suspensão dianteira. Dois pedaços de madeira uniram essas placas à maior, que seria a base da duspensão dianteira. Coloquei rolamentos e prendi tudo. Estava pronto o jogo de direção dianteira.

Faltava um modo de prendê-lo e soltá-lo do quadro que fosse resistente e prático. Para isso comprei um joguinho com dois parafusos sextavados de aço que vêm com aquela bucha rosqueada também de aço, geramente utilizados para fixar grandes cargas em paredes de concreto. Dei uma melhorada no ângulo de fixação da suspensão dianteira no quadro e chumbei as buchas nele com araldite, durepóxi e madeira, dando umas marteladas para elas abrirem um pouco dentro da madeira. Sei que pareçe um serviço porco mais ficou surpreendentemente resistente e bem-feito. Os dois parafusos combinados com o encaixe do conjunto no quadro funcionaram perfeitamente. Agora eu só preciso de uma chave comum de bicicleta para colocar e retirar o eixo dianteiro. Mais fácil estraga!

Nesse tempo em que levei para resolver o problema da suspensão dianteira eu aproveitei e comprei as únicas peças de bike de verdade do projeto. Um pedal dos mais baratos, duas rodas dianteiras com cubos de carga, aro 20, e uma traseira com catraca contra-pedal, aro 26. Usei raios de carga mesmo e aros de alumínio. A relação entre pedal e roda é bem normal. Não sei dizer exatamente pois não contei os dentes, mas não se trata de um conjunto de carga, muito menos de velocidade. O contra-pedal foi uma solução para baratear o conjunto e deixar tudo mais simples. Confesso que em uma descida íngreme ele não é tão confiável, às vezes o pneu perde aderência, e a impossibilidade de girar o pedal para trás para posicioná-lo melhor em uma partida atrapalha um pouco. Mas o preço compensou e deixou tudo mais fácil.
Para fixar as rodas dianteiras optei por um parafuso de ferro, o ítem mais pesado da bike, com duas porcas de respeito em cada lado. Os suportes originais de bike de carga eram muito compridos e caros. Não sei se teria como costá-los pois eram de aço. Os parafusos de ferro serviram bem.
Para o pedal eu peguei apenas o encaixe tubular de um quadro de bicicross, que comprei no ferro-velho, e montei o conjunto prendendo com parafusos , madeira, cola e durepoxi para vedar, fixando da melhor maneira possível. Digo isso porque como não tive um maquinário adequado os furos na lateral do quadro por onde passam os pedais não ficaram perfeitamente alinhados. Tive que alinhá-los um pouco mais depois de tudo montado mas não ficou 100%. Nada que comprometa a pedalada.
Antes de preencher o que faltava das cavidades com isopor e espuma de expansã0 eu passei um conduíte dos pedais à catraca nos dois sentidos. A corrente ficou muito protegida (preciso que a bike suporte maresia) e discreta. Funcionou bem e, desde que lubrificado, quase não faz barulho.











Primeiros erros





Quando fiz o desenho da trike eu dei uma pesquisada na web e vi algumas versões artesanais e outros projetos comerciais.
Haviam variações mas no geral via claramente a preocupação com a torção do quadro e estabilidade nas curvas. A altura do banco costumava ser baixa. Isso me incomodava pois sentar e levantar seria desconfortável e pouco prático. Aumentar a altura corrigiria isso e de quebra daria mais vão livre em relação ao chão para encarar calçadas e terrenos mais acidentados. Por outro lado tirava um pouco a estabilidade e aumentava a torção do quadro.
Para resolver isso trabalhei o sentido da madeira de forma que o quadro ficasse bem resistente. Como boa parte do peso se concentraria na suspensão dianteira usei o compensado em pé no quadro, dando mais rigidez, e deitado na suspensão, dando flexibilidade, mais ou menos como num skate. Isso deu um leve molejo que reduzia o impacto no quadro e, ao mesmo tempo, o ângulo dos braços da suspensão escoraram bem a torção, absorvendo sem transferir para a parte de trás da bike. Além disso trabalhar com a madeira facilitou os ajustes necessários sem grandes traumas. Na configuração final a decisão se mostrou correta, mas eu não acertei de primeira.
Depois de colar o quadro eu usei espuma de expansão em boa parte dos vãos. A espuma evita rangidos e espaços ocos que acabariam reverberando a qualquer trepidação, o que transformaria o quadro num tambor. Além disso não ela pesa nada e, depois de aplicar um primer e tinta, proteje a madeira do ressecamento e da umidade.
Para ter uma idéia de como ficaria o visual e as proporções peguei uma roda traseira de uma moutain bike jurássica que tenho e arranjei duas rodas num ferro-velho de bike. Era só pra montar uma prévia. O aro traseiro era maior do que o que ficaria na versão final.
Para a parte mais crítica da montagem, os eixos dianteiros, tentei primeiro uma solução meio ridícula. Usei um tubo de alumínio que cortei de uma muleta. Ele era duplo, ou seja, dentro dele tinha outro tubo igual que se encaixava perfeitamente. Era extremamente resistente. Depois coloquei em cada ponta rolamentos de um skate de de mais de 20 anos que eu tinha guardado e que curiosamente encaixavam quase que à perfeição. Antes de selar tudo com araldite eu prendi um parafuso em cada ponta para prende-los na suspensão dianteira. Depois, mais ou menos no meio do conjunto, eu abri um buraco para prender a roda.
Vários problemas decorreram:
1- Ficou feio.
2- Não era lá muito confiável.
3- Dependia demais da araldite.
4- Era horrível prender e soltar aquela coisa, com os parafusos girando nos rolamentos.
5- Não era um primor de precisão, deixando o conjunto de suspensão dianteiro muito torto.
6- Com a suspensão dianteira definitivamente presa à uma haste que não podia ser removida do quadro eu limitava em muito minhas opções de transporte de trike.
7 - Para piorar percebi que o parafudo da roda iria amassar facilmente.
Resultado. Defini que:
1- Não precisava ser lindo mas feio definitivamente não dá.
2- Precisava de algo resistente e de fácil montagem e desmontagem.
3- Teria que usar um rolamento de carga para as rodas dianteiras.
4- O conjunto dianteiro deveria ser facilmente destacado do quadro para facilitar o transporte.







Cortando o compensado






















Como só podia contar com um sábado ou outro (estava montando tudo no terraço da casa dos meus pais, meu apê não daria nem pro começo) acabei me afobando um pouco. Modelei melhor a estrutura de pinus, abri uns buracos nas áreas menos críticas pra reduzir um pouco o peso (uma das minhas poucas intervensões nesse sentido) e usei uma tico-tico pra cortar as lâminas do compensado naval que desenhei a mão livre na chapa, seguindo um desenho que fiz no computador.

Para facilitar a montagem, usei duas chapas de cada lado. Como elas eram bem fininhas deu para deformá-las uma por vez, colando com cascorez extra, para criar o contorno do quadro.

Excetuando as peças específicas para bicicleta tipo rodas, corrente, pneus e catraca o restante da ferragem necessária para a trike foi todo encontrado em ferro-velho e até mesmo jogado no lixo, sendo que quase todo esse metal era alumínio - Na realidade a bike é em sua parte metálica quase que 90% feita de alumínio. Depois explico melhor isso.
Nessa etapa eu usei uma placa de alumínio muito forte que não faço idéia de para que servia, mas que na bike seria o suporte para prender a roda traseira. Ela entrou colada e posteriormente aparafusada em um encaixe que fiz entre a extrutura interna de pinus e a externa de compensado naval.

Uma coisa a ser dita sobre o quadro da bike é que a combinação de um miolo de pinus com o exterior de compensado naval unido basicamente com cola, uns poucos pregos, pinos de madeira e parafusos de latão, resultaram em um conjunto extremamente forte a impactos e relativamente leve. O sanduíche de madeira evitou o excesso de peso que teria uma extrutura toda feita de compensado e ao mesmo tempo reduziu a fragilidade de um quadro feito só de madeira maciça, no caso o pinus, reconhecidamente frágil. Para quem nunca lidou com madeira uma peça maciça pode parecer erroneamente mais forte. Acontece que os veios da madeira podem facilmente rachar em um sarrafo leve como o pinus. Para evitar isso usei o reforço em trama das finas placas coladas com os veios em sentidos perpendiculares do compensado naval. Por outro lado, se fosse fazer tudo com compensado ficaria muito mais pesado. Na bike e no meu bolso!

Nessa pressa de ver como ficaria acabei usando uma idéia que depois tive de abandonar. Parte da madeira que iria utilizar viria de um velho espaldar que usei quando criança para fazer fisioterapia. As barras são se uma madeira incrivelmente resistente e flexível. Minha primeira idéia era usá-las para a suspensão dianteira. Depois acabei desistindo. A geometria não funcionou bem e a flexibilidade das barras comprometeu a estabilidade do conjunto.

Estrutura em pinus







Antes do compensado naval eu começei com uma estrutura em pinus e alguns sarrafos que tinha. O pinus não é nada nobre mas cumpre a tarefa de dar uma certa reforçada no quadro sem acrescentar muito peso.
Afinal é uma trike de madeira artesanal feita por um cara que nunca montou uma bike. Não estava realmente muito preocupado com o peso. Queria apenas ir montando e ver que bicho dava.



Estudo de cor


Obviamente me faltava dinheiro também e, principalmente, tempo. Resolvi usar compensado naval, o mais fino que encontrei aqui no Rio. Comprei uma chapa na Léo Madeiras, pedi para cortarem em dois pedaços, coloquei no carro e levei para minha oficina improvisada.